segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Beba menos. Beba melhor" - mudanças de hábitos na mesa (e no copo) dos brasileiros

"A cerveja produzida com amor é bebida com parcimônia."

Esse é um dos princípios da produção das famosas cervejas trapistas belgas. Mas é uma ideia que também se aplica a outras cervejas, talvez não tão famigeradas como as belgas. Aqui no Brasil, temos esse lema traduzido em outras palavras:

"Beba menos. Beba melhor."

Quem está habituado com as chamadas cervejas especiais já deve ter visto essa expressão em alguns rótulos. E estas duas frases guardam uma ideia muito grande e cheia de significados.
Em primeiro lugar, você não vai encontrar essa ideia estampada nos rótulos das cervejas de grande mercado, produzidas em grande (enorme) escala. Não. Estas marcas associam, quase sempre, seus produtos ao grande consumo, com campanhas publicitárias que recorrem ao apelo sexual (e machista) e de sedução. Dizer para o seu consumidor "- Beba menos." é impensável para essas gigantes detentoras de mais de 98% do mercado cervejeiro brasileiro.
Essa não é a realidade das microcervejarias (micro, pequenas, nanos), que estão, no Brasil, ensaiando um grande crescimento. Crescentes em quantidade desde a segunda metade da década de 90, as microcervejarias e o mercado de cervejas especiais começa a definir, também, uma filosofia.
Não acredito que haja uma uniformidade e união harmoniosa entre todas as microcervejarias. Mas, pode-se dizer, que, a partir de algumas iniciativas um mesmo discurso começa a ser elaborado. Para essas cervejarias, cerveja não deve ser consumida sem se pensar, somente. No mundo das cervejas especiais, as cervejas não são todas iguais. Existe uma diversidade enorme e, a cada novo rótulo que o consumidor descobre, descobre também novas experiências gustativas, sensoriais, gastronômicas. Cerveja, para essa nova proposta, não precisa ser consumida "estupidamente gelada", somente. Também não é preciso estar na beira da praia, cercado de mulheres semi-nuas para haver motivo para uma boa cerveja. A cerveja pode estar presente numa celebração e também em um momento familiar. Naquele restaurante fino, de alta gastronomia, harmonizando com pratos rebuscados, ou na sobremesa, ou, até mesmo, acompanhando aquele hambúrguer caprichado, numa lanchonete bacana, por exemplo. E ainda há cervejas que caem muito bem naqueles momentos especiais, que podem substituir, se for o seu gosto, até o famoso champanhe...
Como já foi dito acima, as cervejarias com essa proposta não chegam a ocupar 2% do mercado cervejeiro nacional. Em países como os Estados Unidos, já ocupam um espaço um pouco maior. Aqui, ainda podem crescer muito. Mas esse é um processo de mudança cultural, que leva certo tempo a se consolidar. O poder aquisitivo do brasileiro médio tem crescido. Com ele, produtos que antes eram vistos como rebuscados, caros ou muito chiques, estão mais acessíveis a muita gente. No caso da cerveja, podemos ter esperança: quem prova de uma boa cerveja dificilmente não se apaixona... é só experimentar, e embarcar nessas novas sensações.

sábado, 14 de julho de 2012

Slow Bier Brasil


No último dia 09, o evento Extramalte, organizado mensalmente, liderado por Sady Homrich, recebeu o cervejeiro Marco Falcone, da Falke Bier, de Belo Horizonte, para falar do movimento Slow Bier. Esse movimento foi lançado no Brasil em 2009, com uma proposta semelhante à do Slow Food. Com essa proposta, o que se procura é levar o slogan "Beba menos, beba melhor" ao dia-a-dia das pessoas. Em resumo, trata-se de valorizar a cerveja como um alimento, com diversas possibilidades gastronômicas, capaz de proporcionar momentos de prazer e degustação que valorizem a qualidade e não a quantidade.
Impossível não associar essa ideia ao mercado das microcervejarias e cervejarias artesanais brasileiras. Esse mercado em crescimento tem como maior preocupação valorizar a diversidade da cultura cervejeira e apresentar uma nova forma de se consumir cerveja: nada de estupidamente gelada! O que se quer é que as pessoas aprendam, ou melhor, descubram, novas formas de saborear cerveja, sem pressa, sem o objetivo de só saciar a sede e encher a cara.
A seguir, reproduzo o texto de Falcone sobre o movimento:
"No dia 25 de abril de 2009 foi lançado o movimento Slow Bier Brasil, com princípios similares ao Slow Food, com o intuito de valorizar a produção de cervejas de qualidade, bem produzidas, utilizando matérias primas nobres, boas práticas de fabricação, além de conceitos como fair trade (comércio justo), sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. Preocupação com o consumo responsável, com cordialidade e convivialidade, com o prazer gastronômico que a cerveja pode proporcionar. Mas, além disto, o movimento se preocupa também com a forma de viabilizar isto, já que é muito mais dispendioso alcançar todos estes requisitos do que produzir em escala industrial, abolindo todas estas preocupações.
O Slow Bier Brasil quer mostrar as vantagens destas práticas que irradiam cultura cervejeira, mas tem que abordar também os desafios e dificuldades, que vão, desde a desproporcionalidade do poderio econômico com relação às mega indústrias até aos percalços da regulamentação, burocracia e tributação.
Desde sua criação o Slow Bier Brasil, que tem como símbolo um bicho preguiça (diferente do Slow Food, que utiliza um caramujo), tem procurado se manifestar e obter adesões em eventos pontuais, como no último ano no Festival Slow Film de Pirenópolis/GO, entre outros.
No lançamento, em 2009, foi feita uma vídeo conferência no bar Frei Tuck Slow Beer, em Belo Horizonte (que já não existe mais), com o movimento correspondente na Alemanha, e que iniciou o conceito, brindando também com Porto Alegre (Leo Sewald e Caroline Bender representando a Acerva Gaúcha) e Campinas (David Figueira e Maurício Beltramelli – Acerva Paulista), além dos cervejeiros da Acerva Mineira, Acerva Carioca, CONFECE (Confraria Feminina da Cerveja de Belo Horizonte) e FEMALE (Confraria Feminina da Cerveja do Rio de Janeiro), estes todos presentes in loco.
Pedimos a adesão de todos na data de hoje, quando estaremos levantando novamente a bandeira do movimento no Extramalte, do cervejeiro Sady Homrich, no Studio Clio, às 20 horas desta segunda-feira.
Um abraço a todos e Pão e Cerveja.
Marco Falcone"

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Novo webprograma cervejeiro: Conhecendo Cerveja, do blog All Beers

O blog All Beers acaba de lançar o 1º programa do projeto Conhecendo Cerveja. Mantido por Raphael Rodrigues Sommelier de Cervejas e Administrador no Brasil do Rate Beer, o blog apresenta nesse projeto cervejas diferentes, sempre em um bate-papo com um convidado, com o objetivo de divulgar a variedade cervejeira que existe por aí. Vale muito a pena conhecer e assistir ao programa. Olha lá.